Depoimentos do PROF. Luiz Fabre em nosso blog

Minha trajetória nos concursos - Procurador do Trabalho

Curso Semestral Magistratura do Trabalho On LineEm que momento decidiu se enveredar pelos concursos públicos?
Quando senti que as grandes chances haviam rareado na minha carreira como advogado e a minha qualidade de vida havia se deteriorado com a ansiedade decorrente. Ao mesmo tempo, fui forjado acreditando no Estado de Direito; é, para mim, a mais importante conquista da humanidade. Com o passar do tempo, percebi o potencial transformador da função pública e a vontade de servir ao interesse público me dominou.

Quando iniciou seu preparo? Qual metodologia usou?
 Iniciei o preparo cerca de três meses após a graduação, quando abriu um concurso para a procuradoria do município de São Paulo. Só estudei pelas sinopses da Saraiva e Maxmilianus Führer, fazendo resumos. Neste primeiro concurso eu fiquei há “apenas” uns dez pontos do corte da 1ª fase. Pensei: dá para arriscar. Desliguei-me do escritório onde advogava achando que em pouco tempo atingiria meu objetivo. Só depois vim a descobrir duas regras sobre concursos: a) em concursos cuja nota de corte é baixa, “dez pontos” é muito, muito ainda por estudar; b) em concurso, a meta deve ser a nota máxima, não desistir de nenhuma mísera questão objetiva, ainda que tenha que deixa-las para o final e ser o último a entregar. Mesmo em provas do tipo “tantas erradas anulam uma certa” não devemos desistir precipitadamente de nenhuma questão. Prestei cerca de 15 concursos na vida, fui aprovado em 5 (procurador da fazenda nacional, procurador do município de SP, procurador do estado do Ceará, juiz federal na 3ª Região e procurador do trabalho). Meu método foi o de acumular experiência em provas; estudar por escrito, com boa caligrafia e sempre; estudar até passar e estudar para passar. Comecei pelas Sinopses e, no ápice, cheguei a Canotilho. Ah, e sempre que era reprovado, tirava uma noite para ver algum filme inspirador, e retomava os estudos no dia seguinte, para expiar minha frustração.

Quanto tempo demorou para ser aprovado no primeiro concurso?
Comecei a prestar em março de 2002 e minha primeira aprovação foi por volta de julho, agosto de 2003, para o excelente cargo de procurador da fazenda nacional. Alguns dizem: “nossa, que demorado!”. Calma; lembrem-se que iniciei quase do zero, academicamente; você, não demorará necessariamente esse tempo todo. Outros dizem: “nossa, que rápido!”. Talvez cronologicamente rápido, mas neste interstício, até onde me recordo, prestei e fui reprovado (mas minhas notas e chances progressivamente aumentavam) nos seguintes certames: PGMSP, PGESP, PGE RJ, TRT2, TRT15, TJESP, MPSP, AGU, Procuradoria Federal... Isso tudo me proporcionou grande autoconhecimento.

O Ministério Público do Trabalho sempre foi seu foco principal?
 Não, durante a faculdade queria ser advogado ou juiz de direito; aliás, pouco se falava sobre o universo temático do MPT na Faculdade, essa é uma carreira nova, com um perfil em construção, com muitas áreas a serem desenvolvidas. Francamente, acho que nem sempre alguém recém-formado, neófito, possui compreensão da sua vocação, ainda mais quando premido pela situação de desemprego, posto que voluntário. Mantive a mente aberta a todas as possibilidades e só me apaixonei pelo MPT bem depois.

O senhor sofreu alguma cobrança de familiares e amigos pelo resultado pretendido?
Claro que sim, ainda que implícita. Essa é a vida, uma estrada dura. Viver é lutar. Essas cobranças não importam; nenhuma é mais pesada do que a que você se impõe. Superações são inerentes ao aprendizado de vida. Prestem atenção nisso, por favor: há pessoas ricas que passam, há pessoas pobres que passam; há pessoas que só estudam, há pessoas que estudam e trabalham, há pessoas que estudam, trabalham e têm filhos; há casados, há solteiros; graduados nas melhores escolas e aqueles que vieram da roça e foram o primeiro da família a obter grau superior; há deficientes visuais, deficientes físicos que passam; pessoas jovens, pessoas idosas... Perdoe-me o lugar-comum, mas é verdade: tudo que importa está dentro de você; só depende de você e mais ninguém!

Depois de aprovado, como foi sua rotina de Procurador do Trabalho recém empossado?
A melhor que jamais imaginei. Fazer o bem, só pensar em fazer o bem, lutar para melhorar o País. Há muito o que se dizer, mas não caberia neste espaço. Há algumas coisas na vida a respeito das quais idealizamos, e ao chegarmos lá, as expectativas não correspondem à realidade e nos frustramos; há algumas coisas cujas expectativas se confirmam, e isso é bom; mas há coisas que idealizamos e, na prática, superam nossas expectativas, são ainda melhores do que imaginávamos. Na minha opinião, a carreira de procurador do trabalho enquadra-se nesta terceira categoria. Não sei se essa sensação perdurará para sempre, mas é como me sinto atualmente, com sete anos de MPT.

Quais são as atividades que um Procurador do Trabalho exerce? Como é a rotina profissional?
O procurador do trabalho soluciona problemas do mundo do trabalho, ele não os passa adiante. São problemas de grande repercussão econômica: evitar que o trabalho escravo contamine um setor inteiro da economia, buscar soluções pelo trabalho para o jovem da periferia, democratizar as relações sindicais, evitar mortes em obras e combater a favelização inerente ao aliciamento de trabalhadores para grandes obras, proteger o empregador cumpridor da legislação da competição desleal daqueles que a descumprem, garantir a oportunidade de todos no mercado de trabalho e proteger a dignidade de todos nesse mercado, tutelar centenas de vítimas de uma contaminação química em uma fábrica, integrar povos pelo trabalho. A maioria dos casos são solucionados extrajudicialmente, através de articulação social, termos de ajuste de conduta, audiências públicas, notificações, reuniões, requisitando abertura de procedimentos a tribunais de contas, ao Ministério do Trabalho e Emprego. Havendo necessidade, manejamos ações civis públicas. Particularmente, gosto muito é de implementação de políticas públicas.

Qual foi o momento mais engraçado ou curioso da sua carreira até agora?
Ri bastante uma vez em que oficiava na saudosa Londrina. Havia uma complexa greve de motoristas de ônibus e, à noite, jogo final da Copa do Brasil com o meu time de coração. Na manhã seguinte, no caderno sobre cotidiano, havia uma reportagem sobre a greve com declarações e uma foto minha conduzindo uma sessão extrajudicial, todo elegante de terno. No caderno de esportes, a manchete era a festa que os torcedores fizeram na Avenida JK pelo título (nossa torcida é a maior de Londrina), e num cantinho da foto lá estava eu anonimamente, pulando feito um louco. Há muitas histórias engraçadas.

E o mais triste?
Mais triste são sempre os casos de trabalhadores adoecidos, acidentados, morte de trabalhadores, trabalho infantil, resgate de escravos, tráfico de pessoas... O garotinho filho de pais bolivianos que morreu assassinado me comoveu bastante, pois estou muito envolvido em trabalho de imigrantes em São Paulo.

E o mais feliz?
Uma senhora bem enferma que ajudamos em uma operação. Depois ela escreveu, dizendo que havia sonhado conosco, e que meus colegas e eu chegávamos como anjos no local de trabalho dela.

O que deve esperar o concursando na hora de optar pela carreira no Ministério Público do Trabalho?
 Muito trabalho e muita viagem, principalmente no começo. Fazer apenas a sua parte na sociedade e não fazer nada é quase a mesma coisa. Precisamos daqueles dispostos a fazerem sua parte e a parte de muitos outros. Precisamos mudar este País.
Fonte. carta forense

Luiz Fabre   

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